sábado, 30 de outubro de 2010

Pássaro Azul

como um passaro azul,
que percorre as minhas janelas da noite
soturno, calado, veloz,
e abraça meu parapeito com asas de diamante
vem tua aurea imaculada aproximar-se de meus segredos
secretamente noturnos, vividamente humanos
vens tu de lua mordaz e de palavreado cáustico
derramar veneno em meus tumores,
elixir de féu e sangue, de amor e cura
deleite de vozes, calmante de dores
dores amantes, de sangue e de voz


corre passaro meu da noite
voa em seu grito veloz
alucina os umbrais de minnha janela
e grita sem traqueia um sufoco apaixonado
respira em mim meu querido amante
a velocidade desse beijo atroz
dentro do quarto
paredes de carne, ofegante
respira comigo esta noite de passaro
noite de passaros amantes
redescubra o descoberto
e se cubra de cobre e acido metal
cobrindo as dores de pó
salvando o amargo do doce
em linguas amarguradas e tristes
antes de ti, tao só
acobertadas pelo esquecimento
cobertas de lembranças e de saudades de rapina
voa para mim menino alado
descoberto de tudo
descoberto em tudo
sem pele, sem penas
meu passaro estrelado
de duras e árduas penas
um formigueiro no figado
desse penoso amor fatigado
aconchegue sem cena, sem bisturi e ferrugem
passaro de bico azulado
rasgue de noite minha pupila acordada
abstraia o velorio dos corvos
e voe passada a noite
passaro para além do passado
voe costurando o futuro
da noite e do dia
com a agulha noturna
são amores transpassados
andarilho de asa e bengala
voe para alem da espada
e traga nebuloso em teu bico o frasco
desse amor dependurado em abismo
rechaçado em velório de homem
pelas asas inchadas de cinismo
ao exilio,
enchadas e picaretas que cavocam a fome
de um coraçao de passaro apedrejado
e atormentado de insonia
de saudades
adarilho dos deuses
voe , voe, voe...



FC ..p/ um passaro na gaiola!

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