quarta-feira, 17 de abril de 2024

BASEADO NO ARTIGO 5o Acordo feliz e bem disposto, com aquela vontade de sair da cama e começar o dia, até que algumas pautas no jornal me deixam um pouco mais que desmotivado, mas revoltado seria a palavra. Como pode se votar para criminalização das drogas? Como a casa, no caso o Senado, pode ir em oposição ao futuro, as normas de conduta que são adotadas no mundo, onde não se coloca um usuário preso junto a traficantes e outros, somente por dar vazão a uma atitude que pode ser muito bem mais vista como uma doença e não uma fraqueza ou desvio de conduta moral, um ato onde não se há propriamente uma escolha? Todo conceito de crime, de autoria, de execução gira em torno do dolo, onde por livre e deliberada vontade se escolhe agir de uma determinada forma, tendo-se a opção de agir diferente. O usuário não é um criminoso e isso deve ficar bem claro, pois ele , com raríssimas exceções, não tem o controle sobre seu ato, e age sem escolha, sem poder escolher o contrário, ele simplesmente usa a droga porque não tem outra opção. Agora vamos entender porque essa PEC foi rapidamente votada, e depende agora do bom senso da Câmara dos Deputados para ser extirpada de uma vez por todas. Pacheco quis afrontar Barroso. Ou o Senado quis afrontar o STF. Nós, pessoas comuns, usuários ou não, ficamos a mercê de rixas pessoais, e temos nosso futuro moldado por uma questão motivada por uma briga de forças ao invés de um real interesse em melhorar e reconstruir a sociedade. Não podemos ser criminalizados porque um senador quis afrontar uma instituição. Entendo que os ânimos estejam acirrados, mas o que se está discutindo é o futuro de milhões de pessoas. Imaginem só, você ter o mesmo tratamento, você, com 5, 10, 15 gramas de maconha ou cocaína no bolso do que um sujeito com um quilo, ou uma tonelada. Se virem na mesma cela, dividindo as mesmas conversas. Não desumanizando o traficante, onde também se abre uma outra discussão, sobre a sua coragem de cumprir um papel social, que se não fosse ele outro estaria cumprindo. Mas separando o joio do trigo. Não é possível, que a Câmara dos Deputados, a casa do povo, que representa os eleitores do país inteiro, chancele essa postura adotada, que deve ser vetada pelo presidente da República, um dos meus desafetos, o senhor Lula Inacio da Silva. Estamos diante de um absurdo, de uma atitude de extrema direita, onde o rigor de uma conduta é aplicado ao extremo e não se admite relativismos sequer exceções a norma. Esse é o cerne de uma artéria da extrema direita no nosso país, que empurra a população para a carência de um direito que por ser pessoal e intransferível é ceifado em sua raiz, sendo apropriado pelo Estado que passa ter o controle maior, incidente e direto sobre sua vida. Vivemos no governo do Lula a ameaça daquilo que pensávamos viver em governos como o de Bolsonaro. Algo está realmente estranho nesses ares, políticos, que viram os barcos de ponta cabeça. O direito de você consumir sua droga de escolha é um direito adquirido e uma situação que deve ser respeitada. O problema é que sempre queremos ingerir nossas opiniões e modo de ver o mundo na vida alheia, sem nos bastarmos com nosso próprio mundo. Se o outro faz algo diferente não é porque ele é diferente e tem o direito de assim o sê-lo, mas porque sua existência é uma afronta a minha, uma desautorização ao meu mundo, que fica exposto diante de uma prática diferente daquela que professo. Recalque seria uma bela palavra para se refletir. Enquanto as pessoas não entenderem que não é porque o outro faz ou vive de outra forma que isso significa que meu mundo está em desacordo. São apenas formas diferentes de viver o mundo. E já passamos da idade, histórica eu digo, de se preocupar com o outro fumando um baseadinho debaixo da árvore. FC