sexta-feira, 1 de outubro de 2010

enjoy the silence ???

Nao sei mais com que olhos te enxergar. Nao sei mais como preencher o vazio que permanece cada vez que nos encaramos sem dizer, sem falar, imitando o silencio com as palavras, sustentando o ar com vigas de a'co. Para que tanto esfor'co sem movimento? Para que tanta dor sem transforma'cao? Tanto remedio sem cura?

Nao sei mais como me perder sem rumo, como me encontrar sem violencia... a indomesticavel violencia das redeas de uma carruagem pequena demais para nos dois.

Em cada trago absorvo um peda'co de morte. Em cada gole relaxo a tensao do insuportavel, do invencivel. Os seus olhos nos meus olhos, chorando o vazio covarde que nos alimenta quando estamos de maos dadas, no falso controle de uma contesao sem limites quando estamos na verdade completamente descontrolados. Todos os assuntos ja foram gastos. Todas as frases riscadas do dicionario. Todos os corvos alimentados pela nossa indigestao, pela falta de entrega transformadora de carne viva em sobremesa para abutres dan'carinos da madrugada, para os chacais de botas de couro e cinta-liga de metal.

Nossos olhos devoram nossos sonhos, e nossos sonhos devoram nossas verdades. A verdade de estar acordado, enquanto fingimos que nao dormimos somente para nao adormecer no mesmo quarto, enquanto atravessamos um pesadelo com o sorriso magico na face. Face a face com o desespero, o outro lado da onda encantada que afoga tantos imortais, que suspende a vida de tantos anjos sem asas disfar'cados de meninos apaixonados... Tantos cabelos enrolados na agonia de um instante de solidao perpetua, um instante de silencio profundo no interminavel dialogo da nossa conversa'cao. O inaudito prolixo. O amor silenciado na verborragia do sem sentido, da gra'ca desgra'cada sem proposito. Da eterna piada de sangue e loucura sem porque, sem mergulho, sem razao.

Nao sei mais o que dizer, e o que nao dizer. Assim me despe'co do infinito que nos separa...em silencio... e me aproximo da lucida insensatez da unica forma possivel de consagrar o nosso insensato amor...Nao sei mais com que olhos te enxergar, senao com as lagrimas da onipresente ausencia.

FC

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