sábado, 24 de julho de 2010

Noite de Pedra

Uma noite de vício rasga o silêncio,
Grito de fome e desespero
Um sonho vira pesadelo
Em noite de fatos fora do quarto
Em silêncio de palavras
Que abrem o peito
E sangram um infarto
Na boca do lixo,
No silêncio do asfalto!

É assim que se despediu de mim
Com um passaporte nos olhos
De ida pro lugar que alguns
Chamam fim
E de volta pra um lar
Que outros chamam
Jardim!

É assim que sorriu pra mim
Tirando um sarro
Numa mão
Um copo trincado
De whisky sem gelo
barato
Na outra,
trêmula
Um cigarro,
Quase apagado,
Sinistro,
uma Boca no filtro!

Raspas de batom
Restos de som
Que ainda estremecem a cabeça
Dentro
Restos de vozes
Sem timbre, sem tonos
Perdidas e ecoadas
Pelas ruas do Centro

É assim que renasce a morte em nossos desejos
No desespero de uma noite
Sem possibilidade de recomeço
É assim que nos perdemos fácil nos repetidos erros
No intervalo de horas
Que fazem o pó amargo que somos virar gesso

Por que não mais um drink?
Para calar a angústia enquanto bebemos
Molhando o que sobrou de ironia
Na madrugada que se extingue
E devora os ossos da energia
Que ainda temos
Enquanto que com olheiras
que falam
Vivemos empedrados,
e continuaremos vivendo
Para além do dia
Nos restos da noite
Acordada em nós mesmos


fecastro

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