sexta-feira, 30 de julho de 2010

Fantasmamor..te !

Para além da voz, escuto sonâmbulo,
Os passos do seu canto,
Que me acordam desse sonho sem cor,
Me abraçam com encanto,
Com pílulas que me aliviam da dor!!!
Sim, este é o seu formato,
Uma silhueta em paixão ardendo no fundo do quarto
Este é o vazio que me deixa
Quando não encontro teu rosto no retrato!
Quando não sinto do perfume de teus lábios
O mínimo do substrato
Que preciso para me manter acordado!

Vivo esse complexo vestígio de sensações amontoadas no peito
Que se juntam cada vez que parte
Deixando meu ar rarefeito,
Por mais que eu trate de enxugar
O vazio nas lágrimas desse olhar desfeito,
Desse triste pensar sem nada esperar de ti,
Meu fantasma de volúpia e coração,
Não consigo conter...
Deixe comigo ao menos
O imperfeito
A sensação de lhe ter molhado nos lábios
O respiro último de um beijo
O gosto da mentira e seu efeito
A qualquer hora ,
A qualquer tempo!
Parta sem dizer adeus,
Mas não leve essa ficção embora
A ilusão do rosto no retrato
A paixao imortal e sua morte
No teatro de nós dois,
Na fantasia de um só...
Isso me acolhe na profundidade de uma lembrança
Uma única e delicada lembrança
Onde os teus olhos são o infinito
E o mundo todo ao redor
Onde o pressentimento de tua candura
É a morfina de uma alma rachada pela falta de misericórdia
Presa numa doença que não tem cura...
Numa prece que não se jura...
Numa dor que perdura..
E a carne perfura, cândida e cruel, sem lisura, sem respeito..
Numa pobre e triste
Imutável
Loucura....

Sangue que empreda nas veias
Falta de ar que se aproxima com sua presença
A pedra de teus olhos quando me odeia
Áspera, gélida, dura...
Quando me mira
Me dando uma surra
De palavras feitas de lâminas
E sorrisos feitos de uma ironia ácida
Que corroem a pele que ainda me cobre
E me guarda de ti,
Meu fantasma de volúpia e coração,
O beijo cáustico que me dás, e me faz mau
Arrasta meu corpo para o lixo, para a sobra,
Para o que restou pro final da noite sem aurora
Sem redenção...
Sem perdão e sem volta,
Pois eu sou um ponto navalhado e perdido
E tu, a magnitude do Caos

Eis que morro no começo de tua transcendência
No fim de teus antepassados,
E no meio de teus braços...
No teu coração!


Fernando Castro

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