quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Moonlight Sonata

Lua inabalada, brilha contra qualquer dizer,
E mesmo escurecida, calada, no toque de um lado obscuro,
Onde a chama humana não pode ver,
Também será Lua, e também estará lá....
Caminhando solene, desesperada por sempre ser a mesma terra que lhe cabe, o mesmo pedaço de ser,
E mesmo sem querer, será Lua, mesmo sem saber que é...
Entre nós está o infinito, mesmo sem querer...
Entre o meu amor e o seu corpo de lua, infinita, está tua decadência perpétua e inatingível,
Os teus goles remotos no passado enterrado pelas lágrimas do presente,,,
Um presente de casamento entre o ser que não se tem, e o ter que não é...
Ainda sinto teus beijos dilacerando minha carne,
Os teus peixes carnívoros num aquário de plantas imortais...
Ainda sinto o teu perfume de palavras navegando pelo meu pensamento... e os teus olhos de lua, percorrendo a vastidão de minha noite e iluminando o profundo silêncio abaixo de meus pés...
Toda possibilidade um dia já foi impossível
Toda saudade um dia já foi encontro
E por que?
Será esse o verdadeiro tempo?
Somos filhos do passado, e pais do passageiro, que anda, e que voa, e vive para se dispersar, no mundo da Lua, na terra do inefável beijo imortal...
A inefavibilidade do lado negro lunar também está lá...
Independentemente de se crer ou não se crer, as trevas também gritam na imensidão do satélite,
E se não gritam, mesmo as escutando, não será a nossa loucura suficiente para lhes dar a voz!
De volta ao princípio.
O que fazer quando somente o trauma leva ao raciocínio?
Raciocínio que conduz de volta ao trauma
O que fazer quando todo conhecimento nos guia de volta para a mesma perplexidade que o criou?
E as mãos continuam agarradas no vento,
E o abismo,
Dependurado em baixo de nós
Todas as noites, o mesmo silêncio ao luar,
A mesma Lua nos enxerga, sem falar, emudecida pela própria onipotência fecunda que dela brota,
Injustificável, não precisa falar,
Muito menos explicar porque é Lua, e porque será...
Somente ser, e pertencer a classe das coisas que não precisam de respostas
O milagre que não se pensa
O retorno que não volta
A luz da escuridão
Na Lua que habita a alma, impenetrável
Razão sem saber
De toda inenarrável
Viver e morrer
Não nos é dado escolha,
Nem de vir, nem de partir
E mesmo na ilusão do controle
De se atirar ao precipício,
Todo o peso do mundo o empurra, sem o pobre saber, pois já que se tem o poder,
Por que não faz agora?
Isso, vamos,
Acabe logo com isso,
Agora...
...
Não pode, não é verdade?
Pois então,
Esta fora do seu alcance,
Fora de nós
Do tempo sem hora
Estamos todos juntos
Morrendo aos poucos
De tanto que vivemos
Sem perceber que existe um tempo
Que devora, devora
E nem eu nem você
Será Lua ou Aurora
Para brilhar fora
Do tempo abreviador
do nosso tempo de outrora
onde sem pensamento
brincávamos juntos na demora
de perceber o sofrimento
e na poesia senhora
do tempo sem tempo
assistindo de mãos dadas
sem hora,
as gotas das chuva,
caindo lá fora!
...



F C

Nenhum comentário:

Postar um comentário