sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

LAOCONTE

Olhos não se fecham no final,
Atemporal sentido na carne
Em queda de muro divinal,
Um mural de sonhos e pesadelos
Destroçado pelo cume bestial,
Na selva de demônios e anjos
Brindando no cego desespero
As conseqüências do imoral
Onde os anjos se perderam
No limite perecível
Entre o divino e o carnal!!


Entre a luz e a escuridão,
Ainda restava uma saída,
Quando a carne apodrecida
Dizia sem perdão,
Não mais escutais as lágrimas funestas
Dos tantos imorais, e recusais abrigo
Aos profanos festivais
De teu sangue com teu sangue
Na carne de teus pais,
De teu irmão com tua irmã,
Nas montanhas em bacanais,
E se livrai dos corpos tantos
Amontoados aos pés dos santos
Que gritam o despudor enjaulado em
Terços brancos e castiçais,

Expulsais, expulsais,
As velhas bruxas dos seus conventos
E arrebatais os vetustos padres
Imorais, brindando a pedofilia
Com a batina, e sacralizando
Os meninos com seus punhais...
Não mais, não mais,
Pediam os verdadeiros santos
Que com seus chifres assustais,
O vermelho em sua pele
Transformais o mito da visão
E fazei do pranto algo para libertar
A morte de todos os santos
No vestido tão manchado de branco
Da santa virgem recalcada nos vitrais

Expulsais, expulsais,
E gritais para nunca mais,
Ser violado o sepulcro do amor
Em todo horror que triunfais,
Em todo pudor que dissimulais,
Quando veste a noite as tantas
Fadas, prostitutas imorais,
E juntas desfilais, acendendo
A tocha insana do ego
E suas conseqüências insanáveis
O ego despedaçado, destroçado
Por uma fúria sem precedentes,
Um cavalo sem medidas e pudores
Devorador mais que a serpente
Que se enrosca
Mais que o perpétuo lenço
Que sufoca
Encharcado de sangue inocente
Por uma civilização belicosa
Milenar, construindo suas escolas
Em cima de ossos e cadáveres
Das tantas Hiroshimas e Nagasakis
As Rosas belicosas
E os Cogumelos da destruição
Criando os seus filhos em abismos
Sobre a mesa de chá
Dos lares insepultos
Sobre o abraço da jibóia
Das tantas cidades do futuro
No amanhã de antes de ontem
Das tantas e tantas Tróias
Varridas e socorridas pela chama
Expurgadas pelos beijos de Napalm
Carbonizadas em Jesus Cristo
Nas noites serenas de Natal

Santo Deus,
Expulsais, expulsais,
O demônio líquido e negro
Do óleo que acende as chamas infernais
Extraído do submundo
Do inferno na Terra
Das profundezas do Malebolge
Nas noites que perscrutais
Como morcego de Judas,
Nos vícios infiltrais vossa medida
E mandais, mandais
Rouco dissonante
Sufocar com as próprias mãos
O profético grito de Laoconte
E seus filhos devorais,

Devorais,
Sua carne cética
Para com vossas ladainhas infernais
Mastigais, mastigais,
E voltes para mim
Com o diabo no corpo,
O sangue negro na bandeira
Dos desertores e desterrados
Mutilados,
Mastigados por minhas mandíbulas
E com a certeza apática
De uma redenção incondicional
E criança, nunca mais,
E desejo, nunca mais,
E nos teus gritos e sussurros
Vermelho será a parede de tua alcova
No silêncio de tua filosofia
Escatológica
Onde os vermes sobrepõem o pensamento
E no dote infernal
Do meu falo cavalar
Destroçarei vossa muralha virginal
Para desespero de toda castidade
Dos pequenos filhos de Laoconte
Devorados nas águas de sal
A beira da praia em temporal
De um pesadelo em chamas
No mundo moderno
O abraço da jibóia
Devora-se assim
Com um beijo do inferno
Os aclamados filhos de Tróia!!!

Fernando Castro

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