sexta-feira, 26 de março de 2010

Além das NUvensNUvensNU...

Guardamos no armário os beijos de ontem,

E deixemos para depois de amanhã o abraço que prometemos nos dar...

Salvamo-nos do desespero presente de não nos abraçarmos mais,

E talvez, com essa incerteza amortizada pelo escudo da indiferença,

Possamos de verdade esquecer de nos beijarmos de novo!


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Abram-se os portões da aurora, para que com nossas lembranças da noite,

Esquecidas para sempre em nossos travesseiros mudos,

Venhamos a nos lembrar de enxergar o dia,

E assim, percebendo a continuidade infinita desse esquecimento,

Possamos enfim, nos debruçar de novo juntos na escuridão!


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Fechemos por pouco mais que um momento

Os olhos para além de uma intenção vazia,

E respiremos em silêncio, essa cegueira de se estar juntos a sós,

E vivamos, e tornemos a nos olhar com os olhos fechados,

E sintamos,

Para sempre em nosso mundo,

Que podemos amar no escuro,

E podemos sentir sem tudo querer ver!


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Espere um pouco mais,

E talvez nunca toque o telefone,

Respire um pouco mais,

E talvez nunca mais consiga telefonar,

Portanto, ultrapasse o que já foi passado,

Para sem distâncias inúteis,

Aproximares o futuro!


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Lembremos de não esquecer o que já nem lembramos mais,

E assim passado, vivamos distantes,

Desconexos de tudo que poderia ter sido,

E sorriamos um dia quando à essa lembrança retornarmos,

E lembrarmos que não deveríamos tê-la esquecido!


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Abre-se a janela com o vento que traz

O frio pertinente que nos acaricia a pele,

E nos faz sentir o quanto perto, naquele instante,

Estamos um do outro,

E de que nada somos além desse tempo,

Trazido por esse vento,

Que não dura mais do que um sopro!


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Feliz recolhamos as flores de nosso jardim,

Rosas e cravos juntos na terra de um sonho,

De um beijo perpétuo,

Finito amor que nasceu pelo fim,

E morreu, tão breve amor

Nascido de uma flor,

Apagado junto as rosas e os cravos,

Recolhidos no jardim!


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Intensamente sentimos tudo que não vivemos, dentro de nós

E assim louvamos a fantasia de ser,

Desejando viver tudo o que queremos,

Esquecendo de desejar,

Quando se tem que viver!


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Escurecem ainda mais a noite nossos olhos ausentes,

E quando a treva advinda do pestanejar sonolento,

Obscurecer nosso intimo de solidão,

Tempo não teremos com a proximidade

Distante de nossas almas pálidas,

Atormentadas por esse amor de anjos sem coração!


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Amemos para sempre nossos olhos vidrados,

E olhemos para o amanhã

Sempre com os olhos de hoje

Um olhar cego de futuro

Porém, com todo o brilho que cabe no mundo

Do tempo que dividimos juntos

Na eternidade de um segundo!


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A eternidade possível nesse único abraço sintamos,

E assim, escorregado o tempo

Que em não nos olhar perdemos,

Possamos como o arauto de todas as manhãs,

Renascer de novo a cada novo dia!


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Ilumine, sol invencível de todos horizontes,

Clareando o inesquecível dia de ontem,

Na noite provável do amanhã,

Para que assim, após deleite de horas que não passam,

Possa o passado jamais deixar de passar!



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Invencíveis voemos para além de tudo que já existe,

E quando tivermos que circundar a própria alma

Em rasante voemos em torno dela,

E para fora dela,

Para que assim, não tenhamos que voar sequer dentro de nós,

Quando libertos de tudo,

Voemos para o inexistente!


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O segredo do amor manteremos intacto,

E sem presunção de amantes não o perscrutaremos

Pois amemos,

Para sempre sabendo

Que amamos sem saber

Que amando estamos!


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O amor acontece sem porquês,

Amando por que se ama sem querer,

Esse é o paradoxo que nos une,

Num amor que acontece e não se prevê,

Porém,

Quando se quer amar sem ter pra quê!



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Amemos para todos os dias que nos restam,

Morrendo para sempre amanhã,

Para nunca mais se encontrar...

Pois se só nos resta um único dia,

Obrigados estamos,

Para sempre a nos amar!


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De árvores folhas caem no outono,

E como as folhas,

Cai também o nosso amor,

Em profundo e lento sono,

Numa existência que nunca acordou,

De uma infinita primavera,

Onde nunca as folhas caem,

Donde nunca flor faltou!



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Boa noite, príncipe dos sonhos eternos

Mantenha-me acordado em teus princípios,

E durma enquanto velo nosso lar,

Para que tu também,

Cavaleiro dos cimos desconhecidos,

Possa dos meus sonhos nunca mais acordar!



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Bom dia, príncipe dos olhos cintilantes,

Cerúleo as cores que vestem teu olhar

Amanheça em minhas fronteiras tua aurora

Para que assim possa, quando teus olhos cintilar

A planície do céu ver espelhada

Para além das nuvens mergulhar!



fernando castro    26.03.10

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