segunda-feira, 10 de maio de 2010

um feliz dia das mães

“cegos anunciam o delirio comum. Ninguém estaria vivo para perceber, o quanto de tempo cabe num único gesto sincero, para se poder desperdiçar... tempo”



Boa noite, ainda te sacodes na cama?
Ainda sobras em ti os vestígios,
De um dia de sacrifício?
Em teu olhar, sensação estampada
Do vazio, do desperdício!
Ainda sobrou em tuas insuficiências
Algo a se aproveitar, que não seja
Um completo malefício?
Neuroses que chamas regras
Virtudes interpretas como vícios
Mais que pena,
Ainda acometido de insônia
Revirando-se numa cama que arde
Num travesseiro que condena
Mais que pena,
Faz da vida um suplício
Num coração de cortiço
Onde tudo que é lixo pode entrar
Onde tudo que é vento pode moldar
Será que com olhos puros e teus,
Boneco da vida
Não podes olhar?
E enxergar, o quanto de ti não existe em ti,
E o quanto de ti não é teu?
Meu querido boneco,
Agourado filisteu
Filho de pai também engessado
Espera o mesmo de filho teu
Será que não vês
Que existe muito mais vida
Além daquela que teu pai lhe deu?
Muito mais para visitar
Além da mesma droga de lugar
Que ano após ano,
Não cansas de retornar?
Será que não vês?
Não percebe o porque da cama arder
E nela se retorcer
E morder,
E,
Sem ter o Ser
Toda noite,
Um pedaço
Morrer
Sem viver...
De real nada ser, do sangue humano
Algo que não seja acordes de condutas e valores morais
Volúveis, mutáveis, profanos?
Será tão difícil assim
Por um instante não julgar?
Ou se julgar, não condenar?
Não sabes pedir, e sem clemência,
Imposta a voz
Para impor,
Impor
Para tudo e todos
da forma que lhe agrada
Dispor
Sem razão, sem lucidez
Boneco de insensatez,
Encontrar posso que forma,
Para angústia essa por pra fora?
Meu irmão, debulhado por si mesmo
Tens que aprender a falar
Pois sei que amas
E se atormentas no expressar
De que forma, meu querido ente cingido,
Posso as lâminas retirar
Para menos te deixar ferido?
Sei que amas
Por isso reviras-te na cama
Por demais amar
E calar
Com medo de falar
Vergonha
De mostrar
Talvez!
Lúgubre insensatez
Diga-me, existe acaso um bálsamo no mundo?
Para além da hora,
Silenciar o corvo de Lenora?
Pois teu amor me convenceu
Teu respiro de solidão
O meu, comoveu
De tua alma arrancar
Ajuda-me a espada!
Para não como uma fada
Dormir
Mas também,
Em destino outro que o de Romeu
Que envenenado de amor
E rancor
A vida em si,
Não conheceu
Boa noite papai, ainda te sacodes na cama?


fernando castro....
uma homenagem na madrugada do dia das mães...., e dos pais !

Um comentário:

  1. Feee ando lendo seu blog lindo...e quanta inspiração hein..PARABÉNSS..bom quando a gente lê e se identifica ..se identifica com suas dores, seus amores, suas duvidas, suas certezas.
    ´Tá incrível cunhadinho...rsrs

    BEIJÃO fernanda

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