Madrugada de amor rosa.
Vibrante teor de libações amorosas em copos descartáveis de prazer.
Adoramos os sentidos nos acordes enquanto acordados em êxtase e delírio,
E retocamos ao Máximo o ponteiro da chave, para manter aberta a sintonia dos anjos rubros de batom e de asas escancaradas, anjos de rabos celestes, e chifres que, talvez, não deveriam estar lá!
Assim, o ritmo das horas flui perpetuamente estável e indolor, transpassando nossos sentidos em absoluto silêncio, apesar da algazarra insuportável que imprimimos em cada metro quadrado do círculo que nos rodeia!
Vazamos o suor do pecado, e brindamos com os terráqueos lunáticos o hino da inocência do futuro, aquela que sorri pra essa timidez hipócrita e esse vestidinho cumprido abaixo do joelho!
Quanto mais recatadas, mais facilmente imoladas, e o leito sagrado de uma cama virginal se transforma em altar dos sacrifícios eletrônicos, estridentes, dilaceradores dos entes que não se amam, com o único propósito de abrirem suas carnes para melhor serem entregues à orgia!
A volúpia dos corpos vermelhos me fascina, e embebe meu pensamento como um fanático em busca de sua próxima alucinação!
De repente, o vazio.
Todos já estão condenados, e sabem disso, e justamente por isso celebram incansavelmente a cada dia essa inevitabilidade, essa armadilha, o fado interposto entre um começo e um fim, no qual de nada participamos além. Celebramos esse nó trágico e cruel, movedor de paixões e doenças mentais sem fim!
E assim nos vingamos: celebrando!
Nem mesmo temos que desgastar nossos olhos com lágrimas que não sejam o suor de olhos encharcados de felicidade....líquida!
Pois então, assim continuaremos celebrando para depor um testemunho sem fala, sem papel impresso fora do movimento. Assim continuaremos nos vingando a cada instante que nos resta desse lapso inextrincável, desse hoje sem volta e sem futuro. Desse amanhã que nunca mais.
Assim,
continuaremos nos amando, nessa solidão sem limites, condenados a nunca nos encostarmos de verdade, porém, absolutamente juntos, sorrindo sem fim, até o último suspiro em comum.
Boa noite,
fantasma do depois de amanhã!
f..c....
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