A dor,
Inconcebível metafísica da existência essa dor que não se sente na carne!, mas sangra pensamentos, e arde na mente, na culpa de não ter feito, ou de ter feito, exatamente aquilo que conduziu a inexperiência do desejo almejado, ou a vivência da conseqüência funesta, jamais pretendida... ganha-se momentos de suplício numa realidade que se transforma em castigo perante o sensível de nossos sentidos, ou perde-se o último e fatídico querer, que indubitavelmente, não acontecerá jamais...pelo menos não do jeito que já poderia ter acontecido!, e sendo assim, dormimos sabendo que o tínhamos nas mãos, mas por um espasmo,continuamos, para sempre, irremediavelmente sozinhos!
Em um movimento apenas,
O corte do amanhã,
A inexorável lâmina desse Sol poente de trevas,
E iluminado por um fogo que devora o tempo,
E mais que a carne,
Queima uma alma disposta a viver para sempre!
Em um movimento apenas,
Abrimos os olhos,
Respiramos o amanhecer, o inequívoco e contínuo instante
Despejamos uma lágrima no mundo,
Incontida, impensada, involuntária...
Lágrima esta,
Que uma vez chorada,
Para sempre irretratável!
Em um movimento apenas,
Amamos para o resto da vida,
E sofremos sem perceber,
Cada grande fracasso de cada grande amor desvanecido no tempo,
Desconstruído, desfeito em poeira nas lembranças,
E em saudades
No inalcançável retrato do passado!
Em um movimento apenas,
Sentimos a onipotência,
O titânio inquebrantável da imperiosa individualidade moderna,
Fibras de aço em nossas veias de papel,
Que dispensam toda essa nostalgia babaca e romântica,
E nos torna algo para o além do próprio amanhã,
Algo que nem nós mesmo conseguimos,
De fato,
Compreender!
Em um movimento apenas,
Podemos abrir um sorriso ou acenar um adeus,
Expressar uma alegria, ou admitir uma tristeza,
Convidar para sair...ou para entrar, e a nos pertencer,
Sem perguntar, sem ter que saber o porque!
Em um movimento apenas,
Podemos confiar,
Podemos ser,
Uma cor,
Uma dor, talvez....
Uma sonata, em um movimento apenas,
Podemos ser infinito,
E amar sem nem ter pra que...
Em um movimento apenas,
Podemos morrer,
De amor,
De tanto viver,
Mas em um movimento apenas,
Em um único movimento,
Podemos apagar uma vida inteira
De tanto esquecer,
De tanto fingir não perceber
De tanto secar com a indiferença de um olhar
A verdade de uma linda vista,
Que simplesmente existe,
E não pediu pra morrer!
Em um movimento apenas...
Fernando Castro
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