segunda-feira, 23 de agosto de 2010

ELEGIA ÀS AMIZADES DESCARTÁVEIS

Como num vale de lágrimas, a solidão dessa princesa se faz notar numa imensidão de olhos fechados.

Morte sem az, sem colher de pau roçando o fundo retal da panela, de pressão que chamam vida!

Mais nada lhe apraz, a não ser o mal chamando o mundo da janela, pela fugaz atenção de um suicida!

E assim se desfez as letras de um jornal no calor delinqüente de uma vela, no tesão genocida...

Sem lágrimas no peito, e com choro interminável em uma virilidade obcecada... lágrimas de espermicida, de sangue pintado de branco, mergulhado na transparência do invisível,,, do incurável...

Assim nasceu de novo o desconhecido, uma puta sem botas, e um gato de salto alto...

Assim viveu a pobre Cida, completamente embevecida numa luta já morta, perdida na Cidade, um assalto no asfalto... completamente enlouquecida

Total entorpecimento desses beijos de fel espalhados como bolhas de sabão,

O cimento contaminado dessa estrada cuja mão dupla beira o silêncio da solidão de um luto

Beira as beiradas de uma ribanceira cuja ribalta abriga a escuridão dos holofotes apagados, esquecidos no palco doentio da insanidade sanguínea, da imprevisibilidade casual, da metamorfose maldita!

E eu ainda luto

Os Ratos roeram a boca do rei de Roma, e os imperadores mergulhados em coma e delírio, se desmancham nos excessos da insatisfação inaudita, no injurídico, no inverídico, no irracional...

No indetectável de uma veia que percorre o lodo dos sanitários sem cura, dos lábios que escorrem a lágrima dos purgatórios de uma rua sem saída, dos pães na chapa do inferno, do último táxi sem volta depois da curva, onde os falsos carburadores de sangue lhe conduzem a uma injeção eletrônica, e sua alma é varrida pela fatalidade do depois de amanhã, do incondicional que lhe espreita na cama, do hospital que lhe espera no fim do dia, depois do enterro das suas últimas lágrimas nos travesseiros molhados dos tantos amigos que não choram por ti...

Que não choram, mas riem, riem e gozam, gozam quando o peixe, um tanto que frito, morre pela boca, morre pelo gozo...

Assim se desfez o amanhã, e assim se faz agora: Feliz Cidade!! uma vacina chamada Vida!


FERNANDO CASTRO

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