sexta-feira, 19 de março de 2010

O estranho

Que surpresa foi do inesperado te encontrar, olhos novos e carinhosos que brotaram da terra, do chão do apartamento de festas e bailes escuros, do canto de um sofá esquecido numa sala de bem estar. Olhos sem lágrimas, e sem medos, ainda novos mais já vividos, de reflexo que se expande em nosso corpo, e invade sem perguntar se pode, os quartos íntimos de nossos desejos. Em teu abraço me perdi por um longo tempo, e por momento esqueci que existia mundo fora de você! Esqueci também que não estávamos sozinhos, e esqueci de parar de olhar para esses seus olhos, que tanto me acolheram sem eu pedir, que tanto falaram sem abrir a boca, que choraram secos de emoção e loucura destilada pela sobriedade adquirida após dias sem dormir! Os acasos lhe trazem presentes e situações nas quais não podemos deixar de viver, de peito aberto, com vontade sincera de descobrir, de sentir junto e mais perto o resto do todo que está por vir, do que poderá ser.

Como foi bom estar com você, em tão curto espaço de tempo alongado pelo jeito meigo de sorrir, de dizer palavras sem destoar os sentidos com ironia, de convidar para um mergulho de dois, nesse abismo sem fim que entre dois se interpõem, e de onde, talvez, os corpos nunca mais voltem! Um abismo que nos persegue durante toda uma vida, aonde não se ousa entrar, pois o justo receio de não voltar, nos torna eternamente curiosos e covardes, porém absoluta e irremediavelmente impotentes, quando de súbito em certo olhar, num luar de pupilas claras, de repente, o mergulho se torna inevitável!

Como foi bom mergulhar em você, meu querido príncipe desconhecido!


fernando castro   19.03.10

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