Guardamos no armário os beijos de ontem,
E deixemos para depois de amanhã o abraço que prometemos nos dar...
Salvamo-nos do desespero presente de não nos abraçarmos mais,
E talvez, com essa incerteza amortizada pelo escudo da indiferença,
Possamos de verdade esquecer de nos beijarmos de novo!
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Abram-se os portões da aurora, para que com nossas lembranças da noite,
Esquecidas para sempre em nossos travesseiros mudos,
Venhamos a nos lembrar de enxergar o dia,
E assim, percebendo a continuidade infinita desse esquecimento,
Possamos enfim, nos debruçar de novo juntos na escuridão!
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Fechemos por pouco mais que um momento
Os olhos para além de uma intenção vazia,
E respiremos em silêncio, essa cegueira de se estar juntos a sós,
E vivamos, e tornemos a nos olhar com os olhos fechados,
E sintamos,
Para sempre em nosso mundo,
Que podemos amar no escuro,
E podemos sentir sem tudo querer ver!
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Espere um pouco mais,
E talvez nunca toque o telefone,
Respire um pouco mais,
E talvez nunca mais consiga telefonar,
Portanto, ultrapasse o que já foi passado,
Para sem distâncias inúteis,
Aproximares o futuro!
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Lembremos de não esquecer o que já nem lembramos mais,
E assim passado, vivamos distantes,
Desconexos de tudo que poderia ter sido,
E sorriamos um dia quando à essa lembrança retornarmos,
E lembrarmos que não deveríamos tê-la esquecido!
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Abre-se a janela com o vento que traz
O frio pertinente que nos acaricia a pele,
E nos faz sentir o quanto perto, naquele instante,
Estamos um do outro,
E de que nada somos além desse tempo,
Trazido por esse vento,
Que não dura mais do que um sopro!
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Feliz recolhamos as flores de nosso jardim,
Rosas e cravos juntos na terra de um sonho,
De um beijo perpétuo,
Finito amor que nasceu pelo fim,
E morreu, tão breve amor
Nascido de uma flor,
Apagado junto as rosas e os cravos,
Recolhidos no jardim!
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Intensamente sentimos tudo que não vivemos, dentro de nós
E assim louvamos a fantasia de ser,
Desejando viver tudo o que queremos,
Esquecendo de desejar,
Quando se tem que viver!
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Escurecem ainda mais a noite nossos olhos ausentes,
E quando a treva advinda do pestanejar sonolento,
Obscurecer nosso intimo de solidão,
Tempo não teremos com a proximidade
Distante de nossas almas pálidas,
Atormentadas por esse amor de anjos sem coração!
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Amemos para sempre nossos olhos vidrados,
E olhemos para o amanhã
Sempre com os olhos de hoje
Um olhar cego de futuro
Porém, com todo o brilho que cabe no mundo
Do tempo que dividimos juntos
Na eternidade de um segundo!
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A eternidade possível nesse único abraço sintamos,
E assim, escorregado o tempo
Que em não nos olhar perdemos,
Possamos como o arauto de todas as manhãs,
Renascer de novo a cada novo dia!
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Ilumine, sol invencível de todos horizontes,
Clareando o inesquecível dia de ontem,
Na noite provável do amanhã,
Para que assim, após deleite de horas que não passam,
Possa o passado jamais deixar de passar!
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Invencíveis voemos para além de tudo que já existe,
E quando tivermos que circundar a própria alma
Em rasante voemos em torno dela,
E para fora dela,
Para que assim, não tenhamos que voar sequer dentro de nós,
Quando libertos de tudo,
Voemos para o inexistente!
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O segredo do amor manteremos intacto,
E sem presunção de amantes não o perscrutaremos
Pois amemos,
Para sempre sabendo
Que amamos sem saber
Que amando estamos!
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O amor acontece sem porquês,
Amando por que se ama sem querer,
Esse é o paradoxo que nos une,
Num amor que acontece e não se prevê,
Porém,
Quando se quer amar sem ter pra quê!
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Amemos para todos os dias que nos restam,
Morrendo para sempre amanhã,
Para nunca mais se encontrar...
Pois se só nos resta um único dia,
Obrigados estamos,
Para sempre a nos amar!
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De árvores folhas caem no outono,
E como as folhas,
Cai também o nosso amor,
Em profundo e lento sono,
Numa existência que nunca acordou,
De uma infinita primavera,
Onde nunca as folhas caem,
Donde nunca flor faltou!
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Boa noite, príncipe dos sonhos eternos
Mantenha-me acordado em teus princípios,
E durma enquanto velo nosso lar,
Para que tu também,
Cavaleiro dos cimos desconhecidos,
Possa dos meus sonhos nunca mais acordar!
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Bom dia, príncipe dos olhos cintilantes,
Cerúleo as cores que vestem teu olhar
Amanheça em minhas fronteiras tua aurora
Para que assim possa, quando teus olhos cintilar
A planície do céu ver espelhada
Para além das nuvens mergulhar!
fernando castro 26.03.10
Além das nuvens... até o Anjo alcançar...
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