sexta-feira, 19 de março de 2010

HOMENS DE BRANCO

Homens de branco, caminhando pelas estradas obtusas de meio peito…


Assim os vejo, em noite clara de luz de lua, cheia e brilhosa, espargindo nos colarinhos vestígios do escritório, da amarrada profissão, homens assim de lua cheia passeando de mãos dadas pelo meu coração...

Homens altos e morenos, de jambo na pele e jabuticaba nos olhos, fazem maré em meu porto recôndito, cujas naus se misturam no luar, nos beijos das ondas desses homens de mar...

Homens assim tão belos e inacabados pela criação, perfeitos em sua admirável condição imperfeita, mas uma imperfeição de tão completa, de todo inalcançada,,,

resplendia assim da luz seus contornos modulados pelas alvas mãos  de deus e sua imaginação, e deus criou o Homem! Absoluto! Incontestável...

Homens loiros tinindo ao subjugar do sol dourador de tudo no mundo, e olhando de volta, encarando a íris flamejante de Apolo Inviolável, olhando de volta para o infinito, compreendiam-se para o além do mensurável, e se deixam tocar por esse sol, que os amava com fogo eterno, numa dança perpétua desse incêndio de peles brancas e veias azuis, e chama de corpos ardentes, estendidos ao longo da praia, espalhados em torno do mundo,! Corpos infinitos, apaziguados entre si pelo gosto do suor, das paixões solares, dos abraços cravados na espinha dorsal, alicerce de força bruta e viril, esses homens de imaculado desejo, que ao mesmo tempo ofereciam a brutalidade de um exasperado beijo, e a poesia de uma rosa!

Homens infinitos de todos os paraísos, ululam e uivam, e pulam e balançam, cheiram a mato, e cigarro, e whisky de antros vermelhos, de cabarés obscurecidos, cheiram em mim as prostitutas de todos os bares, e os enxofres das saunas de todos os lares, de vadios, e mescla de amor com vadiagem, cheiram em meu peito esse delírio eterno de patéticos cafajestes, malabaristas de farol, e pedintes, como amo os pedintes, e a cafajestagem em carruagens blindadas, e o nascer do sol em becos desviados da luz, homens meus de amores brutos e ofegantes, de malicia ingênua e laminada, e sadismo, homens de navalha, com corte , e com vicio de faca que retalha,......ah meus anjos, ao menos se pudesse conter, a fúria alucinada que me faz amar, e perder o norte, ante cheiro desses homens de branco vestidos de morte, como feliz eu seria...como o poético firmamento em meus olhos caberia, e então sorriria, encantado nesse amor sem dor, nesse presente da sorte...
mas vivo em mim mesmo,cheirando o odor incolor e eterno desses homens paternos que se abrigam em meu peito, e que moram nas ruas de meus despudores rarefeitos, em montanha de medo e asfalto, em sádico masoquismo da cria para com seus filhotes, assassinos, pervertidos, apaixonados! meus anjos, se ao menos pudesse conter, não ser o linho e a impostura desse terno tenro, abrigo desses homens que me fazem perder o norte, em estrada interditada, homens de branco vestidos de morte!, poderia ao menos deixar de morrer um pouco por dia, e viver sem cicatrizes de carne que a morte não mais me traria!!! Meu anjo, se ao menos pudesse deixar de ser...



fernando castro   16.03.2010

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