segunda-feira, 8 de novembro de 2010

RAINHA DA SOLIDÃO

Rainha da solidão,

Deseje uma vez mais a minha partida, em cada encontro, em cada submissão de um olhar, deseje uma vez mais a minha transpiração solitária, muda, transparente na ingenuidade de um sorriso sem provocação, de um até logo sem despedida num beijo sem gosto de desejo, sem intenção,,,,

Rainha noturna,

Responda os meus dias em cada amanhecer, em cada gosto de madrugada sem companhia, e assista a decadência da minha vida social no isolamento que cada por do sol carrega em sua luz,

Crepúsculo dos anjos, dentro do mesmo quarto de hora, a cada hora, dentro do mesmo quarto sem paredes de lembranças acompanhadas pelo convite inesperado de sua presença, de seu hálito sem ofensa e medo de estar só...

Sim,

Carregue-me nos braços pelas mãos da comunhão, pelo obscuro lado do abandono, da casa sem lar, do diabo sem cruz,

Na calefação da esperança contaminada pela fé, deseje uma vez mais a minha partida, e implore minha presença num átimo de solidão sem ausência, de vida sem morte, de metamorfose sem dor,,,

Escreva nos teus lábios o segredo para não estar só... O convite para falar sem palavras, e viver novamente um instante desfalecido pelo tempo sem proteção, com a medida do entendimento desprovido de dúvidas, e respostas revestidas de segurança...

Não agüento mais sem ti,

Não posso mais sem saber o depois,

Venha até mim e me arraste das chamas sem contenção,

Rainha das pupilas tímidas,

Sóbria enlouquecida

Rainha da solidão,

No desespero das mãos que se unem

Do querer que expressa um não

Sem querer, sem porque,

Sem entender o que de fato estás a dizer

Com aquele gole, com aquela flecha travada no calcanhar,

Venha sem resposta, mas venha na dádiva de dar

De pertencer, de se saber que mesmo na fome

De vida e ânsia de mais vida

Não se precisa morrer



Não precisa se condenar ao luto infindo

E a distância amarga de uma nota sem dó

Sem início e sem redenção

Rainha da amargura

Em lágrimas de pó

Das noites em trevas

Rainha da solidão

Me condene a tortura sem fala

Mais ao menos me deixe ao abandono de um irmão

De um único desespero sem o sentido da inverdade!

Abrace os meus ossos

E diga para esse alguém

Que também sinto saudades

Que na lágrima de soluço

Tento dizer realidade!

Por favor,

Mesmo no passado

Olhes para trás

Na tempestade humana

Do centro de um furacão

Olhes para os pedaços que juntam um só

E neste interminável condão

De sentimentos não ditos

E ofensas sem perdão

Responda que sim

Rainha da solidão

Responda que ainda me resta uma mão

E um corpo de alma

Nas entrelinhas desse mistério

Que a vida chama

Paixão

Mas que eu

No absoluto impedimento de mim mesmo com todas as faces da existência

Chamo loucura e impossibilidade

De paz e silêncio

No eco perpétuo

Das vozes da solidão



FC

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