Rainha da solidão,
Deseje uma vez mais a minha partida, em cada encontro, em cada submissão de um olhar, deseje uma vez mais a minha transpiração solitária, muda, transparente na ingenuidade de um sorriso sem provocação, de um até logo sem despedida num beijo sem gosto de desejo, sem intenção,,,,
Rainha noturna,
Responda os meus dias em cada amanhecer, em cada gosto de madrugada sem companhia, e assista a decadência da minha vida social no isolamento que cada por do sol carrega em sua luz,
Crepúsculo dos anjos, dentro do mesmo quarto de hora, a cada hora, dentro do mesmo quarto sem paredes de lembranças acompanhadas pelo convite inesperado de sua presença, de seu hálito sem ofensa e medo de estar só...
Sim,
Carregue-me nos braços pelas mãos da comunhão, pelo obscuro lado do abandono, da casa sem lar, do diabo sem cruz,
Na calefação da esperança contaminada pela fé, deseje uma vez mais a minha partida, e implore minha presença num átimo de solidão sem ausência, de vida sem morte, de metamorfose sem dor,,,
Escreva nos teus lábios o segredo para não estar só... O convite para falar sem palavras, e viver novamente um instante desfalecido pelo tempo sem proteção, com a medida do entendimento desprovido de dúvidas, e respostas revestidas de segurança...
Não agüento mais sem ti,
Não posso mais sem saber o depois,
Venha até mim e me arraste das chamas sem contenção,
Rainha das pupilas tímidas,
Sóbria enlouquecida
Rainha da solidão,
No desespero das mãos que se unem
Do querer que expressa um não
Sem querer, sem porque,
Sem entender o que de fato estás a dizer
Com aquele gole, com aquela flecha travada no calcanhar,
Venha sem resposta, mas venha na dádiva de dar
De pertencer, de se saber que mesmo na fome
De vida e ânsia de mais vida
Não se precisa morrer
Só
Não precisa se condenar ao luto infindo
E a distância amarga de uma nota sem dó
Sem início e sem redenção
Rainha da amargura
Em lágrimas de pó
Das noites em trevas
Rainha da solidão
Me condene a tortura sem fala
Mais ao menos me deixe ao abandono de um irmão
De um único desespero sem o sentido da inverdade!
Abrace os meus ossos
E diga para esse alguém
Que também sinto saudades
Que na lágrima de soluço
Tento dizer realidade!
Por favor,
Mesmo no passado
Olhes para trás
Na tempestade humana
Do centro de um furacão
Olhes para os pedaços que juntam um só
E neste interminável condão
De sentimentos não ditos
E ofensas sem perdão
Responda que sim
Rainha da solidão
Responda que ainda me resta uma mão
E um corpo de alma
Nas entrelinhas desse mistério
Que a vida chama
Paixão
Mas que eu
No absoluto impedimento de mim mesmo com todas as faces da existência
Chamo loucura e impossibilidade
De paz e silêncio
No eco perpétuo
Das vozes da solidão
FC
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