sexta-feira, 5 de novembro de 2010

NOSTÁLGICOS

Sem tréguas, o vazio de uma piscina cravada no asfalto, no mergulho de pedras esquecidas por uma pedreira de homens e crianças afogadas...

Assim é o destino, inextrincável banimento, assim são as lagrimas, ausentes também nos olhos, as duas piscinas vazias carregadas por um tremendo peso de carne e osso por milhares de dias... por incontáveis instantes de incompreensão e exílio,,,

A própria carne exilada para sua perene decomposição, os proprios ossos condenados ao cadafalso de um túmulo advindo com o parto, com o obscuro por trás de cada sorriso, com a lágrima invisível na profundidade dos olhares rasos, secos, e ao mesmo tempo, úmidos de silêncio e desespero,,,

Não podemos explicar as velas queimando no infinito do jardim,

Os pêssegos apodrecendo sua beleza na distância opaca de uma árvore...

As folhas se despendido de uma rosa no indecifrável caos de um temporal

Lagrimas serão o legítimo substrato da alma, quando esta se revelar sem mais desculpas para espelhar a autenticidade que aprendemos escolher

Dor o desvio inevitável que certamente voltará ao início quando nos depararmos com o todo em tudo que sempre foi fim

O choro se confunde com a chuva inexplicável, e a pele com o adubo orgânico semeado em torno dos berços... das tantas bandejas nos berçários refogadas com fraldas e bebês

Corpos nada mais são do que indiferença e obsessão entre si,

Uma lavoura de almas enfileiradas num arado de medo e prazer

Dor e desejo

Medo do infindável desconhecido,

Prazer pela célula consciente da percepção

O Eu sensorial

Esquecido debaixo da tempestade, seduzido por cada uma das formas insaciáveis descobertas para sempre, sem freio, sem repetição, sem possibilidade de retorno

Toda filosofia continuará em parceria com a loucura,

No pensamento abstrato de uma angústia por demais concreta

A morte é mais um prazer que aprendemos a temer

E no fundo,

Será ela a única resposta que trará alguma solução...

Sendo assim

Aprendendo a morrer,

Arrancamos dos nossos pescoços todo o nó umbilical para sempre enrolado em nossas gargantas

E quando menos hipócritas

Morremos mais felizes,

Celebrando a liberdade

Que finalmente resolveu nossos grilhões cortar

No tão esperado dia de finados...

Nos dando asas em baixo da terra

Transformando os nossos sonhos em pó!

Assim cantaram os corvos

No dia do meu funeral...

Assim cantaram os anjos,

Na noite do meu amanhecer!



Boa noite


fc

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