domingo, 4 de abril de 2010

doce amanhã

E agora o sol se põem com sangue nos olhos, e declama com suas cores as dores imperfeitas e os tristes odores exalados do súbito partir desse menino apagado!

As flores murcham mais, e as conversas rimam com as velas negras flamejantes, que ardem e se beijam nesse precoce funeral!

As piras acordam mais cedo, e as aves voam para longe das faces sem esperanças!

E agora o sol se põem com sangue nos olhos,

E anuncia o partir para sempre desse menino enclausurado, dessa caveira de carne e sentimento, que passa à tabua sorrir, e a flertar com a madeira

Os doces de crianças perdidas no parque para sempre amargos, e as balas perdidas para sempre nos ares, para sempre perdidas!

O sol se põem com sangue nos olhos

E os que ficam choram com sangue nas lágrimas, sem olhos, sem cara, sem rosto!

Os que ficam sem face, em mês de desgosto, ficam torturados para sempre no amanhã

Que sempre terá um poente de sol, e olheiras de treva, com esse sangue poente nos olhos!


fernando castro  

Nenhum comentário:

Postar um comentário