segunda-feira, 12 de abril de 2010

MENINOS de deus

Boa noite,

meninos vigilantes de minha poesia pobre, para sempre insuficiente e inexprimível, visto teus rostos tão silenciosos de ruídos, e tão repletos de poesia!

Meninos urbanos ou rurais, meninos do cais, meninos da fazenda, galopantes em animais cujas patas se prontificam a servir, esses mancebos literais que para além dos sonhos se fazem imortais...

Boa noite,

meninos poentes de céu sem fantasia, de estrelas cadentes nos ombros, e meteoro nos lábios, meninos mais meigos e delicados, com ou sem meta, cometa virgem nos seus olhos, meninos de poesia!

Boa noite e bom dia,

afago de minhas canções, meninos faunos cintilantes, em beijos de Baco, meus meninos bacantes, boa noite em noite de fada aurora, com a lua no céu da boca do menino que muito me apraz, para somente beijar teus peitos puros, aos pequenos sussurros que teu beijo me traz!

Inconstância de beleza pelo tempo não aturdida, meninos da luz me fazem vencida a alma que vaga de sentindo desprovida, pois em nosso hemisfério encontro a paz, pela cintura dessa provável loucura, do meu corpo chamado, pelo teu eu delirado, em teus versos de lábios de plena impostura, de véu e grinalda pelas pernas seminuas, pelas formas da escultura, de teus desenhos e silhuetas, projetados nas minhas paixões! No templo sem tempo, onde vives mais e reluz mais, e brilha mais fora da ampulheta, e com teu néctar no olhar paralisa o enrugar de minha tez, menino vigilante da minha pobre poesia, meninos de deus e sua fantasia, em fogo de cama de agonia pura, me façam maior que vós, ao menos por um instante, meninos de mármore impenetrável, de sublime contradição, pois desfilam como homens de pedra, com gestos de meninas de delicado coração...

Boa noite meninos eternos,

para sempre constelação dos olhos vidrados de cegueira por esses meninos de poesia fatal, mancebos da inocência em meus beijos embriagados, enlouquecidos, menores desamparados, da beleza sublime, e do desejo escravizado, perecíveis meninos da poesia, utilizados em versos de lençol, de uso e deleite, menores sem idade, meninos de enfeite, boa noite meus queridos, durmam para sempre sem perceber, a vida lá fora, e o que fizemos com vocês...

 
 
fernando CASTO

Nenhum comentário:

Postar um comentário