Uma última vez passou o Sol por esse mar,
E sendo um último instante os teus olhos nas ondas,
Passou também a tempestade por esse olhar!
Olhar este que mirava além do horizonte hostil,
E de nevoeiro sombrio em terras ilhadas,
Brilhava em plenitude de íris
Um farol castanho
Para além das ilhas lacrimejadas,
A ilha transformada em pupila,
Nesse globo, repleto de mar!
De água ocular,
Vazando pelas bordas do infinito,
O resto do amor, que em si
Oceano finito,
Não pode sozinho guardar!
Transbordou uma última vez em teus olhos esse mar
E por não saber, para além das nuvens,
Como um pássaro marinho
Sem medo voar,
Uma última vez passou também
Um arco Iris
Nessa íris dos olhos de oceano
Que afunda em teu rosto
A profundidade abissal
Desses olhos de mar!
Uma última vez, Príncipe das marés
Pôs-se o Sol nesse olhar
Dizendo-te a vida que amar é!
E para além do impossível,
Onde se esconde a felicidade
De alma encaixada na outra
De onda enamorada de mar
Passou com esse Sol uma chance
Envolta de mistérios e brumas
Que a liquidez de tuas águas geladas
Em inconstância maresia obscura
Diluiu o mais perene do amor
No mais ordinário da espuma!
Uma última vez, pequeno dourado,
Morreu o Sol nesse mar!
E nas ondas caladas,
Dos teus olhos amareados
Mudos de surdos remorsos
Por lágrimas tão plácidas,
Fez-se o silêncio brotar
Suspirando às marolas
Nesses olhos cegos de ver
E tão nublados por cego se amar...
Uma última vez, estrela fulva da vida
A maré plenitude da alma
Pôs-se decadente o Sol em teu olhar
Estrela cadente
Morrendo um pouco a cada por do dia
Estrela do mar
Que com o Sol já sem nascer
Em olhos teus anoitecia
E morria, estrela solar
Uma última vez em teu olhar o Sol morreria!
Mergulhando sem volta no abismo dos teus olhos marítimos
Que de tamanha e infinita
Profundidade de amar
Mesmo sem sol, e sem lágrimas
Para sempre eu o confundiria
Com esse infinito mistério chamado mar!
Uma última vez, Príncipe das marés...
Morria o Sol em teu olhar!
fernando castro 05.04.10
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