DALAI LAMA AO HOMEM
Do barro feito argila, ela desmanchando-se
Em nuvens e fantasias de doces de fel
A forma perfeita de sonho, doce, áspero
Mel das entranhas desse sonho que tinha
O sonho da perfeita simetria
Do olhar que cria...futuros
Do sorriso que despedaça... tristezas emparedas nos concretos
Segredos nos tijolos atrás dos muros
De uma ternura que aquece as noites frias
Onde meninos e meninas são proibidos de sonhar
Ao acaso, de barro, voando esse mistério
Alado de asas, ao meu lado, cavalos
Marinhos e terrenos
Serenos em gotículas de ar
Telhados que não caem
Tetos que abrigam, sem esconder o infinito acima
Desejos indomesticáveis
Encontros intraduzíveis em cantos
In soletráveis do mundo
Face de uma miragem perdida
Na escultura do barro, hoje sinto
Os primeiros traços
Lábios moventes da luz do dia
Quando suspiro acordado,
E vejo, preso
Solto dentro de um jarro de barro
O teu brilhante...olhar
Tom sobre tom , sabor de macadâmia
Ou seriam castanhas
Castanhos de argila
Castanha
Argila
.....
fálico rosa
lábios teus sepultos
vivos em minhas mãos
se obrigado
fosse
Obrigado(a),
Prescindir de seus espinhos
Com qual flor
Penetraria seu coração
Cercado por arpas de arame
FFarpado protegido
Pétala cardíaca pulsa
Amacia
Haste espinhosa rasga
Invisível pele adormecida
Barragens estouradas
Ou defesas fantasia
Cálida e formosa
Vestes encobridoras
Dessa minha diáfana utopia
Uma vez mais pergunto
Se abrisse mão dos espinhos
Caule do retro espectro
Ativo assunto
Os que tecem os cortes
Cujo amor, invencível, desfia
Qual certeza sobraria
Nos restos de nossas cinzas
Ao meio dia
Após despetalado meu coração por tuas mãos
Dolosamente agora frias
Para salvar os pulsos entrelaçados
Numa jura eterna
Cuja lágrima nunca morreria
Cujas almas siamesas
Jamais com vida
Sem ser par ser... se
Separaria
...
no último bar deixei transbordar uma
triste alegria líquida
emoção etílica,
ponte mítica que nos separa
o copo e a garrafa
ele vazio, ela sem mensagens
falecia
como se numa única lágrima de um
só par de olhos destilados
coubesse todo o mundo subterrâneo
do oceano
dos anos
de todos desencontros
de todos os enganos
como se numa única lágrima
coubesse a razão e a emoção
naquele dia, do bar de noite
quando eu anoitecia
embriagado pelo intocável
jurei não chorar nunca mais
ali, com um copo transbordando nas mãos
eu jurei
que nunca mais choraria
não por ti, mas pelo fantasma sem olhos
mistério vindouro de um passado
que o meu sempre perseguia
seu rosto desaparecia como a chuva na claridade
da calçada ruída
sem ruído de vida
onde os ratos roem os restos
dos nossos mortos
ossos tristes e sem comida
sem oceanos,
nosso encontro somente aconteceu
no passado das nossas inexistentes
fantasmagóricas fantasmagorias
as tais romanas
gregas
babilônicas
imperecíveis ruínas
...
eu verso a despedida
de luto eu visto o sonho sepultado
cujo véu eu pensei
um abridor de lata, e um divórcio a luz de velas
apagadas pelas sombras a revelia
o vento escurecia meus olhos
eu não enxergava teu rosto na memória
da vida
ele não existia
quando dentro, somente hemorragia
loucura sem asas, sem coro
distopia
eu verso o invisível
a utopia,
quando homens pensaram que podiam
juntos mudar o mundo
e se amarem
em plena luz de todo dia
os ratos sorriam
em plena madrugada
e não pensaram
apenas escureceram
o sol
acumulando carcaças na fila da horizonte linha
espalhando a maior doença humana
depois da inveja
a morte sumária da luz, do calor
Fotossíntese da alegria
...
se ao menos a tormenta passasse,
ao menos por um dia
se ao menos nossos cortes fechassem
as feridas ainda não nascidas
apenas por um dia
se o mundo parasse
para que o encontro não fosse artificial
soldado por soldadores
soldados do pretenso imensurável imortal
se ao menos nossas bocas falassem
a mesma língua
toda manhã
numa cama quente e macia
num leito coberto por brilhantes de serpentina
e se encostassem além da distância surda
melodia
eu poderia cantar
amo-te mais que o mundo
não para o resto da vida
mas enquanto durar a dor
do prazer de viver ao seu lado
mesmo sem encostar
a raiz da minha pele
na língua da sua
úmida filosofia
nos contornos profundos
humana
sabedoria
....
se ao menos o passado não existisse,
presente feito uma mortalha de julgamentos
atualizados por lembranças esquecidas
se não fossemos emparedados pelos outros
mundos concretos de carne, apodrecida,
aquém do nosso
espirito, criaturas da alegoria
a serpente, a mulher, a queda e a mordida
eu poderia esquecer que não sou mais
quem não sou
e tu, ou você, poderia viver quem sou eu enquanto sou
quando a perceção de ser aclamado com palmas
disfarçadas de vaias na surdina
aplausos de melancolia
a maça não seria mais o fruto
mas sim a falsidade
desmedida
máscara
mordida
...
o que é o amor
senão uma necessidade num mundo de sonhos fabricados
de carências e medos, um cárcere refém da sabatina alheia
uma opção refém da opinião
ordinária, obliterada freguesia
a culpa da dor do mundo
burguesia
amar um jovem é amor
ou pedofilia
recriminar o vizinho homoerótico
é crime, recalque, doença, vulgo “homofobia”
ou apenas o direito de dizer
não tenho coragem
de dar o que me custa ter
trancado em masmorras seupulcrais
preguiça
neglicência
imperícia
ou ignorância
o que é mesmo
psicologia ?
não sou homossexual,
mas se uma mulher tiver um membro
fálico , cujo comprimento considerável
facilmente me rasgaria, eu abria as portas, pois
como negar a uma dama
meu reprimido complexo
de autofagia
....
o que é o amor essencial,
quando regras limitam o alcance de sua ilimitável
expressão
e não podemos amar
apenas porque temos uma obrigação
de encontrar alguém
que possa mais que receber
estar
disposto
a também
doar
o que seria o amor,
se no mundo, a inveja incondicional, rancor do aborto
gravido de voz e melodia
nunca mais pudesse nascer
abortada já no útero do milagre
a ode da alegria dos homens
mesmo se morta viva
o sublime prazer de escutar
a vida , se suprimiaa
feito um tapa elegante,
sem pressa, despendido pela janela de casa
em alguma de suas duas faces
gozando,
lhe devolveria
....
FC
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