quarta-feira, 13 de novembro de 2019

BEIJOS ANALFABETOS


BEIJOS ANALFABETOS



Cirílicos lábios
Infinitos
Se precisasse a cor compreender
Para o seu sabor sentir
Não rasgaria a palavra ao meio
Temor
Sequer uma vogal acrescentaria
Pois beijando, tremeria de... febre
Todo gosto de um só
Amor 
e o medo
de o perder 

...


pele de nuvens
véu de uma lágrima sobre o traço
fino do teu caminho
trilhado até mim
feito um cometa amante do espaço
atravessando mundos
rompendo o enigma do teu rosto
o tesouro escondido 
nessa eternidade viva que 
exaustivamente
sempre caço 
e a segurança dos teus passos
em minha direção
sozinho, ainda 
descalço 




....

solidões inventadas...
ou são carências inventadas solidões?
Mas se até deuses são criados
Quem somos nós
Meros escravos
Mortais que criam ações 
Para nos abster das pequenas invenções
O teu rosto desperto, nublado 
Nas tais
Inventadas solidões 



....




se eu ainda pudesse aprender amar
serias tu, fado de um destino 
predestinado
por fadas imortais 
que ensinar-me ia
a voar
a sentir
a viver
cada pedaço de ar
arbóreo sentimento, 
que profunda raiz
destila no cume
das copas 
sua irretratável cor
o beijo da rosa
a cor sublime 
do amor sublime
amor 




...


feito de carne,
eu me amaço feito papel
em branco, pontilhado por sonhos
e por palavras indizíveis
escrevo em minha pele 
o sentido
amassado, dos olhos continuar
abrindo
e as pálpebras...
feito escudo
impelir-me ao teu
destino encoberto
névoas sobre o cume 
O topo do coração nevado  
em um brilhante solitário


...


quem é você?
Por que do seu perfume
respiro apenas o rastro
por que do toque 
pressinto apenas o traço
de um desenho em nanquim
solto e livre no meu céu
cujo fim nunca encontro
mas sinto a cada batida 
da vida, o começo que
bate, bate, bate
em mim 
como se o coração fosse um sonho
como se o sonho fosse
todo nosso
jardim
como se o jardim fosse apenas
uma constelação ardente
perdida no espaço de minhas auto destrutivas 
compulsões
como se o amado fosse feito apenas de nuvens rosas
e o amor
de perfeitas e doces
nunca amaras 
imperfeições 


...

navego cego em escuridões escondidas
a cidade é um labirinto 
noturno
completamente vazia

a selva do dia não brilha,
os caminhos rarefeitos
se perdem nessa
quase impossível
trilha

qual casa de tijolos
qual presídio de pedra
qual edifício de regras

preciso demolir
para teus dedos
tocar minha companhia 

qual início preciso buscar
na troca de qual vício
para com asas
te agasalhar no salto
e nos salvar
do precipício
altissonante
contralto 
fábula da felicidade
o para quedas e o para raios 
"em busca do tempo perdido"


...


da angústia ao sorriso
do peso a leveza intransitável
do beijo analfabeto
ao carinho temerário 
para que rima
se teu abraço me empurra
pra cima
pra que
qualquer coisa
além de tudo isso?
Isso, que se forma
E existe
Intocável
Invisível
Um cabo de guerra
Ereto entre
Nós 
Cordão umbilical
Umbigo de dois 
Dois amigos coloridos 


...


anal ou analfabeto
fetal ou anAAlfafeto
reto e curvo
retilíneo 
incontornável 
afeto

feto de afetos 
mútuos
analfabetos surdos
de beijos costurados
mudos
reto ou retal
perianal 
os anos passam
e ficam os anéis
brilhantes e virgens
intocados 

os mármores se desgastam
sobram as esculturas
como posso tocar-te 
com minha analfabeta
língua
nas entranhas
rachaduras
alta costura
de peles
e ranhuras

senão nos 
anais
da tua elegante
macia literatura
como?
meu perfeito contraditório
sonho de um paradoxo
completo
leito

nas curvas dúbias
da tua cintura
ou na elegância
objeto indireto
do teu destino reto
comportamento

comportas 
a explosão
do primevo 
sentimento?

como posso ser 
seu eterno amante
se em caso de amor
sou apenas um mero
aprendiz
eterno
analfabeto
essencial elemento 

uma mistura de cal
e giz
o ponto fraco da raiz
o radical amado
espírito concreto 
e sentido

vogais de um beijo livre 
soltas nos lábios que quero
sem palavras , nós dois
juntos comprimidos 
para sempre, num só único
momento sentido 
o perpétuo alfabeto
alvo e certo
cândido e sincero...

O SONHO DE UM AMOR ETERNO





FC













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