Quem sou eu?
Andando sem sono pela madrugada
Atravessando os antros das badaladas
Fumando cachimbo com o fumo das fadas
Quem sou eu?
Sumindo de dia pelas mesas de bares
Corrompendo a honra de todos os lares
Envenenando os pratos de todos jantares
Quem sou eu?
Provando o amargo de cada licor
Brincando com as cores de cada flor
Tirando a roupa em cada pudor
Sou um pouco de tudo,
Ou não sou nada?
Sou uma terra erma e vazia
Ou uma floresta encantada?
Sou a mentira irrecusável
O desejo insaciável
Ou a doença sem cura?
Sou a morte cega
O vicio e a loucura
Será que sou a fissura
Do delinqüente?
O medo sem carne
Aparente....
A carta que falta
De uma última canastra
O doce coringa
O líquido incerto
Um perfume ou uma seringa?
Sou o louco doente
Será que sou ego,
Perturbado e indecente?
O suor etílico que escorre na farra
O sangue vermelho que não se narra
Estava perdido no coração de um inferno
Sou o frio que transcorre da morte no inverno
Quem sou eu?
Será que sou o que sou?
A pura falta de censura
Delicadeza esticada na mesa
A pura brancura
Sou todo incerteza
Balada de mephisto
Em suas notas mais escuras
Sou a contra mão gangrenada
Na torturada ditadura
O corte e a impostura,
Da carne mutilada
Rasgada e vexada
O olho mágico
Atrás da fechadura
Quem sou eu?
No gozo supremo
O Estado Maior
Do vinho terreno,
Em corpos sem nexo
Sou o cheiro e o suor
Da pele e do sexo
Sinto que sou todo esse descompasso
A moral em putrefação
Sinto que sou toda essa vida em orgia
Deliberada compulsão
Sou certo e errado
Sou querido e odiado
Sou tudo que não cabe em mim
Sou goles de perversão com
Azeitonas e gin
O canudo de prata
Sou mais do que o fim
Quem sou eu?
Que bala me mata?
Posso ser o cão
Na augusta consolação
De incesto da noite para com o dia
Da mãe com seu irmão
Sou Hipólito desossado
Pelo amor que ele não sentia
A falta de lógica
Um estupro e seu perdão
Sou a total ligação
Da cruz de madeira
E sua satânica inversão
Nos lábios de Fausto
A voz da decadência
O descontrole de Dido
Devorada pela paixão
Quem eu sou?
Nesse mundo sem respostas
De quem sou ?
Nessa terra sem dono
O que sou?
Nessa translúcida realidade
Quem sou eu,
Além do começo
de um outro dia condenado
a sumir na eternidade?
Além do esquecimento
inventado para memória
dormir em liberdade?
Além de mim mesmo...
E Todos, de verdade?
fernando Castro Castro Castro Castr...Cast..Cas...Ca...C.....
fernando castro
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