quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

EPITÁFIO DE UMA PAIXÃO

A rosa em chamas,
chamada Rosa
chamando sempre
uma chama rosada
para com fogo acender
sua paixão,
e apagar
sua lágrima...



Digo adeus à dor e ao sofrimento, me despeço das lágrimas que escorreram ao longo das páginas, e venho saudar o sol nascente do amanhã agora.

Digo adeus aos pássaros negros trovejando nos umbrais do passado, e celebro o sorriso vermelho dos lábios ainda não conhecidos, o perfume do amor, da selva inexplorada abocanhadora de corações, de homens e mulheres, e na mocidade envelhecida pelo medo de amar, celebro o poder de rejuvenescimento do amor, o mesmo amor que toca tudo com sua luz, com seu calor, que ilumina cada azulejo dessa vida, em todos os seus muros e pedras, em todas as separações e distâncias, por entre os jardins e as jardineiras, no perfume de teus lábios, o perfume da Rosa.

Venho me despedir e encerrar esse projeto, nesse fim e começo de ano, venho me desligar do ontem, do que passou e não fere mais, do que chorou e não chora mais, do que foi, e acabou para todo resto da vida.

Sorrio de volta a todos que vieram junto, e choraram junto, a todos que estiveram presente, e sorriram junto, a todos que estão junto, e que sentimos por perto, a todo calor humano que um olhar pode trazer, que um gesto pode conter, que um simples silêncio encarcerado em sua timidez pode expressar, a toda palavra de conforto e a toda ausência de palavra que respeita, e entende, e se satisfaz em não dizer o evidente que ainda machuca, que ainda estimula o crescimento da ferida, a ferida universal, aberta em nosso âmago quando nos cortaram o tal cordão; não há exceção, todos nós viemos do ventre e para o ventre da terra retornaremos, sem saber o que daí nascerá, sem saber se nascerá algo, e sem conseguir por uma vida se libertar totalmente da vontade de que realmente nasça, sim, e brote, e dure, e aconteça o inexplicável, o inefável sobre nossos céus, além das nuvens, como um gigante de aço que voa, como um meteoro de flores e bruma de mar, e cheiro de grama molhada, gosto do orvalho na boca pela manhã, na luz de Aurora, se desmanchando com o beijo de todos os amores que se foi capaz de conquistar numa vida, um único beijo com todas as bocas, uma única forma, com todos os rostos, o eterno prazer de pertencer eternamente àqueles que nós amamos, e por nada nesse mundo queremos perder, queremos deixar de ter e sentir esse amor, mesmo as vezes sem saber como dizê-lo, ou agindo de uma forma que nos transforme em estranho, em ausente, em mero espectador da vida sem paladar, mas mesmo assim, além desse aparente medo, está a vontade de ser e saber como doar aquilo que melhor sabemos dar, o amor, a delícia de se entregar totalmente, sem muros, sem paredes, sem vestidos, botas e acessórios sem cor, sem mendigos farejando o resto de uma existência sem compaixão, sem entendimento, sem perdão.

Sim, digo sim para vida e para todas as suas formas, e exijo o mínimo de controle para não se perder em suas tentações infalíveis, em seus segredos comuns, pelos cantos de seus labirintos de corpos envenenados por um camaleão chamado lascívia.

Sim, digo sim para todos que aqui estão presente, e também para os que não estão, com pouco menos de entusiasmo logicamente, mas vou além e digo que quero ainda mais, e ainda mais para perto, se possível, pois quanto mais profundo maior a intimidade, a proteção, o carinho e a preocupação sincera, o beijo ardente em dois corpos soados por desejo e vontade de preencher um ao outro, em todos os poros, em cada orifício da pele, por cada veia, ser a saliva e o sangue, a doença e a cura, o desequilíbrio absoluto no equilíbrio que pode trazer uma paixão, ardendo presa numa possibilidade de um amor para além do esquecimento de uma simples memória.

Vamos nos apaixonar, vamos dançar e abraçar o mundo, vamos viver.

Vamos gritar que estamos vivos, e nos atirar pro fundo do mar,

Vamos saber esquecer de verdade o que não importa,

E desapegar, e largar,

Abrir mão do solitário,

Do vazio,

Vamos escutar todas as glórias,

O perfume de todos os pássaros

O canto de todas as rosas...



Vamos brindar para sempre o nascer de um novo dia,

E a certeza de que ele nunca aconteceu,

O prazer de uma chuva nunca antes chovida,

Numa pele nunca tão envelhecida,

Porém, nunca antes mais bela!

Tao vivida,

Tao crescida

E acrescida pela beleza de tudo aquilo que viveu

Experimentada pelo doce da vida,

Pela presença onipresente do tempo apreciado,

E curtido,

E sentido,

Vamos chorar de alegria nas cinzas do dia,

E no barulho na noite,

Escorrendo pela calçada,

Como um rio soturno que despeja seu curso pelo rosto de uma paisagem,

Como um adeus que se desfaz numa lágrima ao final de um encontro,

E se refaz na surpresa do próximo,

Mistério sem mistério,

De eternamente se conhecer o desconhecido conhecido

De tapar os olhos e fingir que não se esta olhando

Fingir que não se importa,

Quando tudo o que se quer

É Atenção

É Paixão,

Certeza incerta

No gosto de quero mais,

Para toda hora

Para todo dia

Quero você,

Meu amor desconhecido

Meu trem passageiro

Veloz e intenso

Meu vento com olhos e voz,

E lábios de tempestade

Cravado em meu braço

Tatuado em minha alma

Com todas as tuas delicias

E cada um de teus espinhos

Totalmente seu

Completamente na sua

Sempre

A infidelidade mais fiel

O descaso mais preocupado

O beijo sem fim

Que nos damos sem mesmo encostar os lábios

Que sentimos sonhando acordado

Dormindo em pé

De ponta cabeça

Escutando bossa nova

Total

Insensatez

Totalmente

Desafinado

Nos escombros que ainda restaram

Da magnífica ruína que é viver

Na responsabilidade de saber ser ruína

E ruir com prazer

Com gosto de construção

Com sabor

De transformação

E desejo de ter

Todos e mais alguém

No dia do enterro

Na hora da cremação

No meu velório

Quando eu morrer

E deixar de estar

Para sempre ao teu lado





Obrigado

Por existirem em minha vida

Obrigado

Por me deixar existir na sua



Ate breve, em uma nova história!


E por enquanto,


Para sempre,


Adeus!!!



Fernando Castro



Em poucas palavras gostaria de expressar meu agradecimento e dedicar esse projeto a minha amada mãe Margot, que acima de tudo, sempre esteve em todas as minhas quedas como uma rainha, mesmo nas piores, e sempre sorriu para mim, apesar de eu merecer, às vezes, uma boa surra. Além dela, quero também incluir nesses votos meu pai Amaro, que nada faz além de amar profundamente seus filhos, e seus pais, meus avós, por quem também sinto enorme gratidão por todo o apoio e carinho que me deram ao longo da vida. Obrigado meu pai, obrigado avós, eu amo vocês! Logicamente não deixo de colocar o nome do melhor irmão que eu poderia ter nessa vida, o meu oposto, e mesmo assim, meu verdadeiro e melhor amigo Fabio, sempre me defendendo, mesmo quando todas as evidências apontavam contra mim, sempre do meu lado, mesmo quando me gritava sua indignação, sua raiva. E por falar em melhor amigo, também agradeço a todos os meus amigos que sempre estiveram ao meu lado ao longo de todos esses longos anos, nos bons e maus momentos, nas boas e más fases, e que muito me ensinaram da vida e me ajudaram a viver melhor e mais feliz, mas cito um em especial, que sempre me incentivou e me ajudou a criar esse blog: Fabinho, muito obrigado por tudo que sempre fez por mim, e por todo amor que sente, não existem palavras para serem postas aqui que diriam o quanto reconheço e o quanto recíproco é esse sentimento, meu grande amigo Fabio. E por último, gostaria de deixar o nome de uma pessoa muito especial, um amigo eterno e que muito tem cuidado de mim durante esse nosso existir...obrigado DEUS !!!

Mais uma vez,

obrigado por existirem na minha vida,

e por me deixarem existir na de vocês!



F.C. 10.01.2011



No dia do aniversário do meu pai e do meu irmão, termino esse blog, termino essa paixão, e começo um amor.